O ódio ao Brasil

E o símbolo desse Brasil nada brasileiro só podia mesmo ser uma importadora
E o símbolo desse Brasil nada brasileiro só podia mesmo ser uma importadora com problemas na Receita Federal. Coisa de primeiro mundo.

O debate do meu post anterior foi pra uma direção muito interessante. Ao pensar o valor que os grandes jornais brasileiros dão a bandecas estrangeiras, apesar delas se valerem de elementos caricatos da música brasileira, fez eu retomar uma conversa que a gente já vinha tendo aqui no blog. Pra melhorar, na mesma Folha de S. Paulo, hoje o Caetano deu uma declaração breve mas muito interessante sobre essa cultura de ódio ao Brasil.

Sou um brasileiro brasileirista. Gosto de São Paulo porque é diferente do Brasil de Vargas e da Rádio Nacional. Mas odeio a cultura do desprezo a tudo o que ganhou ou ganha corpo no Brasil (inclusive Vargas e Rádio Nacional). Outro dia li um idiota desqualificando meu canto em “Zii e Zie” porque supostamente pareceria com Cauby Peixoto e Ângela Maria. Mas eu penso que os EUA só se salvarão quando entenderem Chico Buarque e Lulu Santos.”

Tal pensamento anti-Brasil está presente em todas esferas mais abastadas da sociedade, dos cadernos de cultura aos diretores de banco, passando por colunistas de revista, professores universitários, partidos políticos etc.

Na imprensa, a ideologia anti-Brasil ganhou força na rabeira do jornalista Paulo Francis em um período muito específico do Brasil: a eleição de Fernando Collor de Melo.

O jornalista com voz de pato rouco se alinhou a Roberto Campos no final dos anos 80 como um defensor das idéias neoliberais de Thomas Milton Friedman. Para ele, o Brasil era um país atrasado e emperrado por causa do tamanho do Estado. Nada aqui poderia dar certo.

Se pararmos pra pensar, na herança militar, a observação até tinha algum sentido de ser. Eu discordo, mas o contexto brasileiro era de fato desanimador e não apontava muitas perspectivas. A política econômica do Delfim Netto botou a gente devendo até as cuecas.  A tranferência de tecnologia era bem mais complicada e o Brasil tinha mesmo um parque industrial bastante atrasado em relação ao resto do mundo.

A juventude do primeiro suspiro da redemocratização nasceu ouvindo a MPB e se bandeou para o rock 80. A mentalidade era parecida com a da substituição de importações. Ninguém tinha o menor pudor (assim como na Jovem Guarda) de gravar versões da música americana, mas a temática e a sonoridade era essencialmente brasileira.

Tudo dizia respeito ao que a classe média vivia no País. Parecia ser um jeito desse público que cresceu escutando rock setentista e a MPB de se aliviar um pouco do peso político que as canções convocatórias haviam ganhado.

Assim como essa geração jovem ficou por quase dez anos pelas rádios e cadernos culturais e envelheceu os ouvidos por aqui,  as ilusões depositadas na solução de todos os problemas pela redemocratização foram caindo uma a uma. O trabalho de reerguer as instituições brasileiras se mostrou muito mais árduo do que parecia. A reconquista do voto era só um passo.

O grande Idelber Avelar tem uma interpretação muito interessante sobre o efeito da redemocratização do Brasil no rock brasileiro. Cito ele de cabeça, e já peço desculpas ao professor de Tulane, por qualquer imprecisão. Mas, segundo o que eu me lembro, à medida em que o movimento das Diretas Já! era tomado de assalto pelo MDB e pelos carlistas da Arena (que fundariam a Frente Liberal), mais os jovens se desencantariam com o processo e se desapontariam com os rumos das coisas no Brasil. A música das diretas que se bandeou para a transição negociada foi a MPB de um Milton Nascimento que já não era o mesmo dos seus grandes dias. O que jogou tudo o que a juventude via de rebelde na MPB no ralo.

Idelber acredita que ao se sentir traída pelo seqüestro tancredista do movimento das diretas, a juventude de classe média baixa e pobre criou o heavy metal em BH. Eu acredito que esse fenômeno do heavy se repetiria em todo Brasil. Um movimento de revolta pura e simples que tinha pouco interesse na comunicação com o País, preferia se voltar pra um gueto (até então a possibilidade do mercado externo ainda era bastante remota).

Foi nesses anos 80 que os punks e os carecas brasileiros ganharam força, em toda sua diversidade de grupos e facções. Eles também tentavam expressar uma revolta pouco escutada. Algo que passava longe das discussões que o país travava diante das câmeras.

Até que em 1990, surge um discurso que leva essa indignação à direita em favor da classe empresarial brasileira e internacional. O grupo político de Fernando Collor defendia que nosso problema era o atraso. O problema eram os fuscas, a falta de comunicação com o que acontecia nos países mais ricos. Outro presidente depois se queixaria do nosso caipirismo.

Na imprensa cultural isso também ressoava com força nas colunas do André Barcinski e do Álvaro Pereira Júnior. Na época, o problema era a programação das nossas rádios, que não tocavam o último disco do Ramones (que já eram bem velhinhos também), do Soup Dragons (alguém lembra da bomba?), do TAD, os Telescopes ou sei lá de quem. Éramos parados no tempo e o público brasileiro não conhecia o que “rolava na gringa”.

Essa ideologia só refletia um pensamento que também acontecia na política e na economia. A privatização da economia e a modernização da gestão era o tema dos debates em todos os lados. Roberto Campos e Paulo Francis se alardeavam como inimigos da Petrossauro e da Eletrossauro que deviam ser privatizadas.

Vários poréns podem ser colocados a esse processo, principalmente do pónto de vista da música brasileira – que nessa época vivia um longo período sem renovação -, mas é impressionante como a conversa anti-Petrobrás, anti-intelectualidade brasileira, anti-cinema e teatro nacional e contrário à música feita por aqui ainda persiste.

A agenda da direita brasileira continua a mesma. O representante com maior visibilidade desse discurso é o filho do publicitário Ênio Mainardi. Recentemente, o herdeiro do autor da campanha pelas armas escreveu por exemplo sobre uma escritora irlandesa que havia “matado a charada”. Segundo a tal, que não lê português, Chico Buarque e Milton Hatoum “não tinham cultura suficiente” para serem bons escritores. Foi só ela bater a cara naqueles aborígenes literários para perceber que não haveria futuro para os filhos da colônia portuguesa.

A ideologia é a mesma de quem acha que a Amazônia devia ser entregue para os países mais ricos; gente que estupra empregada e bota culpa no Brasil; gente que mora aqui e pede desculpas por isso; gente que sempre acha que na Califórnia é diferente

Esse é só um exemplo, mas essa fascinação faz com que tudo que não tem chancela internacional seja considerado ruim. Até a música ganha respeito quando sai na revista gringa, quando o aplauso é de um músico internacional (qualquer um, pode ser o guitarrista da banda com os melhores cortes de cabelo de Brighton). Vale qualquer aprovação, desde que vinda de qualquer imbecil que junte três orações em um idioma estrangeiro. Não importa muito o mérito e nem a qualidade da discussão, o que importa é começar uma conversa e gastar o seu investimento no CCAA a vontade.

havia escrito sobre isso em outros momentos. Na minha opinião, a subserviência,  a vontade de conquistar mercados além-mar e fazer o blogueiro indie rocker do sul do Maine sorrir tem transformado a música brasileira, mas para pior.

Por que no final esse ódio ao Brasil e a qualquer coisa feita aqui nada mais é do que uma vontade de entregar o seu destino e a sua reflexão na mão de outros. O desejo de ter alguém pra decidir sobre sua vida.

69 comentários sobre “O ódio ao Brasil

  1. Boa. Vou sair divulgando essa aqui.

    A parte do Diego Mainardi ta com algum erro de digitação, vê lá.

  2. brilhante, especialmente a conclusão. o engraçado é que esse tipo de insight é recorrente, desde padre antônio vieira e gregório de matos. e é muito irônico que esse tipo de psicossociologia tenha uma força ainda maior na cidade mais importante do país, cujo lema fala justamente sobre não ser conduzido, mas conduzir.

  3. É triste quando o brasileiro precisa de confirmação externa pra entender o que acontece ou aconteceu no seu país. É que nem gente assustada por que o Sarney é corrupto.

    Acho que o assunto rende demais e eu acho uma conversa muito importante, ainda mais pra gente como todos que comentaram aqui que se interessam muito por música brasileira, mas também por música feita nos EUA, na Europa etc.

    Valeu pelos comentários galera. Matheus, confesso que a conclusão foi surrupiada de uns papos com o Tiago no gtalk heheeh, não dava pra deixar de fora mesmo. Sou ladrão, mas confesso.

  4. De fato, grande parte da propaganda corporativa faz uso do preconceito e vergonha que foi batido e semeado fundo no brasileiro sobre “atraso” (progressista aqui só aquele que quer estados privatizados e “progredir” em tentar fazer uma cópia vergonhosa e mais brega ainda dos gringos), “caipirices bregas” e “terceiromundismos” – pelo menos no brasileiro dominante que está em posição de ser servido e em posição de um tiquinho mais de escolha sobre onde irá a sociedade: classe média e a alta. E se usa isso para a “liberdade” “anti-estado policialesco” do neoliberal (a liberdade de se poder ter escravos, e não gosta do Estado ocasionalmente falando pra ele que não pode) que odeia os colchões e as conquistas históricas das classes e setores vulneráveis que se apresentam nesse atual momento histórico na forma do Estado (propagadores “anti-governo”/ “anti-política” geralmente, é claro, são super a favor de repressão contra pobres, drogas, a favor de religião se metendo em política, e respeito a propriedade contanto que não seja o corpo da mulher – se faz o hino de ser contra “big gummint” e a favor da teologia do livre mercado através de demagogias baratas já que o povo conhece bem, de forma justificada mas fora de proporção, o horror que é a ala e os círculos políticos, sem falar em alusões fantasiosas no naipe FoxNews a estados “inchados” comunistas tirânicos e por aí vai).

    Aí fica fácil nesse lance Menem-FHC (repare que é um padrão que circula pela América Latina desintegrada – o capital transnacional se usando de face do “progressista” conservador, de eçote branca e terno sofisticado invocando noções de sucesso internacional, de business, de ares esterelizados economês, geralmente se pautando pelas gringas, pelo “é importado!”) se usar de propaganda corporativa que o que não for do setor consumista/privativo é um elefante provincial brega-nordestinóide mafioso corrupto e terrível (então se tem constante demagogias moralistas contra corrupção e outros mini-sintomas ao invés de análises de problemas sistêmicos e estruturais enquanto se esconde os mesmos sobre os políticos favoráveis a tais programas).

    (enquanto o outro lado da moeda alimenta isso mais ainda com patriotismos manés demais fazendo qualquer oposição a tais idéias parecer algum tipo de conservador mega-nacionalista ao invés de mostrar que suas idéias é em defesa do povo e não de algum fantasma abstrato que é o estado-nação “Brasil”)

  5. Marcelo, você tem razão, tem um descompasso na opinião desse pessoal. O progresso pode ser a teologia dos canais internacionais de tevê ou argumentos gastos e anacrônicos retirados da época da guerra fria. Também acho que o que o grande crítico literário chamou de “nacional por subtração” na verdade é a outra face desse ponto de vista subserviente do país. É fazer o que o clichê disse que nos cabe.

  6. Parabéns, Laurose! Texto a ser disseminado sem dó!

    Pequena correção: As idéias liberais são do Milton Friedman, e não Thomas.

    Abraços!

  7. Ah mas o Thomas está longe de ter as mãos limpas (e também longe de escrever bem).

  8. Ué, achei que estavam falando desse Thomas Friedman, mesmo (fui ver quem era e parece ser um escroto).

    Desculpe Laurose, mas o comentário do dia vem da Miriam Leitão:

    “A busca pelo brasileiro Gabriel Buchman, de 23 anos, que desapareceu enquanto escalava uma montanha de 3 mil metros na República do Maláui, na África, está dependendo de esforços diplomáticos do Itamaraty.
    Depois que Buchman iniciou a escalada o clima na região piorou muito e as equipes de resgate da Maláui não estão conseguindo chegar até o local. Tudo depende então de que a África do Sul envie um helicóptero militar para ajudar nas buscas.
    A esperança da família do brasileiro é que o Itamaraty consiga acelerar o envio deste helicóptero à região.”

    Um aventureiro franco-brasileiro se perde, a equipe de resgate não consegue chegar ao local por causa do mal tempo e está tudo nas mãos do Itamaraty! E a idéia é que alguém ligue pra polícia de um terceiro país (Africa do Sul) e peça pra mandar um helicóptero salvar o sujeito!
    Dios mio!
    Já imagino a próxima analise: “Política externa do governo Lula mata brasileiro no Maláui.”

  9. eu concordo com a conclusão do texto, é tão deprimente ver como é de “mal tom” afirmar que não está gostando da música hoje, com todas as suas regras de “como fazer”, e o marketing que vale mais que as canções.

  10. texto foda mesmo…hahahah “modernoso gostar de jards macalé agora”….é o mesmo tipo que só gosta do caetano qdo ele catan em inglês..pira no transa (gosto tb, admito) mas acha o araça azul uma bosta..

  11. Soup Dragons?! Que horror, nem fizeram sucesso com algo deles, só emplacou com a versão dos Stones… Agora essa questão é bem peculiar hoje em dia. Me lembro quando fui aprender mais sobre música em 94, além do rock estrangeiro e tive contato com muita coisa boa brasileira e ainda esbarrava pessoalmente com gente como Gigante Brasil. Sempre tiveram bons shows e até de graça e o interesse era mínimo. Assistí o Jards e o Elomar no sesc. Eu não crescí com MPB em casa, minha família é descendente de japoneses, mas as rádios ainda não tinham decaído tanto. Lembro o quanto me criticaram, achando que eu iria me transformar num hippie tipo Chico Anísio ou um Patropi. Me lembro quando o Lauro comprou o cd relançado do Candeia e tava baratinho e o dono da loja que eu trabalhava onde nós nos conhecemos, isso já em 98, dizia que não era legal eu ficar ouvindo samba, som brasileiro na loja.
    Agora o exemplo mais célebre do aval estrangeiro, já que se falou em metal mineiro, é o Sepultura, só teve um certo respeito depois da primeira turnê estrangeira. Meu Deus, aquele tempo dava pra ir no show deles num lugar que cabia 400 pessoas e sobrava lugar.

  12. Caríssimo,

    Obrigado pelo link, mas realmente não entendi o contexto em que me citaste. Se você está me tomando por um deslumbrado que quando vê uma favela na Califórnia é tomado pelo mesmo espírito tacanho de quem se espanta com o fato de Sarney ser corrupto, bem, eu confesso que o fato de surgirem favelas na Califórnia me parece algo momentoso _ afinal estamos falando do país mais poderoso do mundo, e devia haver alguma vantagem nisso. Além do mais, não é como se sempre tivesse existido uma Rocinha em Orange County e só agora tivéssemos olhos para vê-la, não é mesmo? 🙂

    abçs!

  13. Muito obrigado pelos comentários. Vou tentar responder todo mundo.

    Pois é Rubinho, lembro bem dessa época, o pior é que quando a gente pensa que essa mentalidade tacanha em relação à música acabou ela volta com tudo nas páginas de jornal e quetais.

    Carlinhos, o pior é que ontem morreu um outro brasileiro em uma viagem de aventura em Israel. Essa coisa tá virando uma epidemia pior que a gripe suína. A culpa é do Itamaraty, do Ministério do Turismo ou do Temporão? Só pode ser. Esse pessoal acorda gripado e já tenta achar uma justificativa no governo federal. hahaha.

    E acho que a observação do meu caríssimo Hermenauta enriquece a conversa demais. Em primeiro lugar mil desculpas se minha escrita tacanha te fez entender mal o que eu queria dizer. Faço questão de dizer que não te tomo por deslumbrado em momento algum. Leio todos os dias o seu blog. É uma das minhas fontes diárias – e favoritas – de informação. Pelo contrário, o link é mais pra desmistificar um pouco essa concepção de que tudo nos países ricos dá certo. E acho que quem lê o seu texto sabe que não há deslumbre algum. Pelo contrário. Ali se relata, os frutos do colapso, né…

    Na verdade, eu até queria escrever sobre o assunto, mas achei melhor jogar o link. Por que eu acho que nessa situação de falta de casas mora uma das coisas mais anacrônicas dessa defesa desmesurada das “coisas que vêm de fora”.

    No imediato pós ditadura podia haver um clima de deslumbramento com o funcionamento dos EUA e com a organização da economia deles, hoje essa alternativa soa bizarra e completamente fora de lugar. O seu post foi mais pra contextualizar essa situação. De resto apareça mais por aqui, caro Hermenauta. É sempre uma honra. 🙂

    Muito obrigado pelos elogios e comentários para todos e vamos continuar o papo. Abraços

  14. Lauro,

    como sempre preciso, conciso e muito bom. Só discordaria do último parágrafo sobre o maine, os indies e a qualidade da música brazuca.
    Mas isso é uma outra discussão…
    [ironia] Keep Walking[/ironia]

  15. Genial sua análise política-histórica-musical do Brasil. Já achava isso mas não tinha colocado pra mim mesmo com tanta clareza nem identificava os pais do problema tão acertadamente. Tenho essa impressão lendo a folha ou assistindo ao fantástico da globo. A dialética civilização e bárbarie por aqui tende pra uma hipervalorização de um modelo civilizatório sem qualquer mediação com o que somos e o que queremos ser. Apenas entrega e admiraçao boba e deslumbrada do norte.

  16. O que me desanima a ler/comprar conteúdo sobre música no Brasil é a falta de novas abordagens em relação ao que tem sido produzido aqui.

    Você colocou perfeitamente como é a cobertura da imprensa. “amigo de quem”, “é a favor do mp3?”, “vai tocar no Studio SP” são as perguntas/afirmações que estão em quase todos os textos.

  17. Muito obrigado pelos comentários. Toda essa cobertura antimusical da imprensa musical realmente desanima. O tom é sempre do É ou não é, não existe interpretação ou vontade de debater as coisas. E a crítica de imprensa é só mais uma fonte de entretenimento. O pessoal não tem interesse nem em participar do debate musical, nem gerar uma reflexão sobre música e nem estimular o sujeito a sair de casa e ver as coisas do mundo. E isso não é só na música. Desanima, mas o negócio é ir atrás de quem quer pensar as coisas. A internet tá cheio de gente assim. E nesse post aqui (https://guaciara.wordpress.com/2009/07/15/musica-muda/) não fatam exemplos tb.

  18. Juro que vou terminar o texto sobre o Ita. Virou dever/prazer cívico. Abs!

  19. Em Belo Horizonte – e imagino que em todos o lugares que possuem “crasse média” – tem uns condomínios chiques: Villa Borghese, Vila di Trento, Cote d’Azur, New Hampshire e – meu favorito – Ville des Lacs !!!

  20. Brasília é fértil nesta seara.

    “Ville de Montaigne”, por exemplo. Por isso que eu gosto do Maranhão: Ilha de Curupu rulez! 🙂

  21. demorou pra falar da burrice do alvaro.
    o mainardi é até engraçado as vezes…
    mas o pai dele, que eu conheci, é um cara estratosfericamente mais conservador. até o paulo francis, na época, devia ser um cara mais fácil. um dos meus amigos mais queridos foi no velório do francis… mas falar mal da petrobras não é uma coisa exclusiva da direita. quem conhece uma estatal sabe que existe roubo dos nossos impostos.

  22. Gustavo, eu acho o Diogo Mainardi um bobalhão. Acho fraco e nem perco o meu tempo. Uma vez ele resolveu desancar o Aleijadinho. Em pouco mais de 30 linhas, cometeu pelo menos 4 erros factuais grotescos. Agora, a Petrobrás não é exatamente uma estatal e nem vive de imposto. Eles são uma empresa pública com alta taxa de lucratividade (uma das mais lucrativas do continente). Eles contribuem muito mais do que drenam dinheiro público. A contribuição da Petrobras tem sido fundamental tanto na produção de tecnologia de ponta como no aumento do investimento público e privado neste ano.

  23. A Petrobras não é uma empresa publica. Ela é de uso privado dos escroques de Brasilia.

  24. Poxa Gus, você não acha isso pouco? É apontar o dedo e dizer, você não presta, você é um canalha! Acho esse ponto de vista não ajuda na discussão. Cara, se fosse essa safadeza toda a lucratividade não seria alta como é.
    Eles melhoraram a beça, a gestão do Gabrielli deixa todos os acionistas, inclusive eu e o estado brasileiro, muito satisfeitos.
    Há oito anos atrás a coisa estava uma bagunça. A plataforma afundou, a empresa se meteu em custos ambientais altíssimos. Agora produz renda, emprego, tecnologia e faz a capacidade do Brasil investir muito melhor.

    O que você acha que deve ser feito da empresa? Eu não entendi. apontar o dedo e xingar é pouco. acho que a política industrial da petrobras é das melhores.

  25. Acho que lucrar é o mínimo , ja que a empresa vende petróleo e nao maquina de escrever. Acho que temos que tirar o pmdb de la. Se nao for possivel isso, melhor vende-la. Vai dar mais dinheiro pro estado e pra populacao com lucro real e impostos.

  26. Cara, o lucro é REAL. Deve ser uma das empresas mais lucrativas do continente americano e uma das mais lucrativas do hemisfério sul. Os acionistas não reclamam. Desde que o Gabrielli entrou (na verdade antes), mesmo com o risco de bolha especulativa decorrente do preço do barril, a empresa não titubeou. O cara é muito preparado.

    Eles vão muito bem. Não entendi qual é o ponto? A corrupção denunciada não é do dinheiro da viúva, mas do uso do cargo para conseguir vantagens nas linhas de financiamento da empresa. A empresa é de capital misto, o estado é o principal acionista, mas não é dono (senão as ações não seriam negociáveis na bolsa de valores).
    Não existe empresa que pague mais imposto direta e indiretamente. Além disso, o valor corrigido das ações é excepcional. A empresa não é do PMDB. Eles têm uma diretoria. É uma empresa de capital misto, com conselho administrativo que funciona, modelo de negócios de primeira, que não vende só petróleo, mas todos os seus subprodutos (que têm um valor muito maior que a matéria prima), cria tecnologia e exporta (tecnologia de exploração de petróleo, de pesquisa no subsolo, de perfuração no alto mar e de combustíveis alternativos). Tem roubalheira? tem, mas como qualquer empresa privada, aliás, talvez menos (não tenho esses dados). Privatizar a Petrobras é burrice. é jogar fora a jóia da coroa por um preço que ninguém mais pode pagar. O que foi feito, que é a abertura de parte do capital da empresa já é mais que suficiente.

    Agora, quem quiser governar sem o PMDB não aprova nem nome de rua no congresso. São representantes eleitos, gostemos deles ou não. O que ajudaria a corrigir as distorções nas nomeações para algumas empresas que o governo é sócio é a mudança da carreira. Tem um projeto parado no congresso, mas enquanto isso a rapa prefere fazer CPI a Petrobras a troco de nada. Aliás, nada não, a troco de conversê sobre a privatização e de holofote nos grandes órgãos de comunicação.

  27. A Petrobras deu 1,3 milhões para a fundação Sarney, só isso já mostra a merda que está aquela estatal. E eu acho que um cara que tem 80% de aprovação não precisa do PMDB.

  28. Tiago, ta parecendo coelho da páscoa. A culpa é da lei Rouanet então? Por favor… não dá pra ser crédulo assim… a Petrobrás está na asa do Edson Lobão, que é um parasita nascido no intestino teratológico do Sarney. Um ser motivado pelo mais excrementício que existe no mundo. Além do dinheiro da fundação Sarney, tem 1, 8 bi em contratos sob suspeita… Aquela corja do PMDB merece ser fuzilada. E ponto. Enquanto Renan, Jader, Roriz derem as cartas a gente estará a mercê do pior do pior.

  29. Cara a petrobras não está na asa do Edson Lobão. Uma diretoria da Petrobras está. Infelizmente eu apaguei o comentário da lei rouanet, estava sem tempo de checar os dados. Agora, ninguém merece ser fuzilado e não é bem assim. O caso da Fundação Sarney em nada tem a ver com a administração, ótima, da Petrobras. Isso é tudo para não propor algo de novo. O diretor da Petrobras é um sujeito muito capaz. Além disso, como o dinheiro foi captado pela Lei Rouanet,se ele foi desviado roubou-se foi o tesouro. O caso é de polícia, já que a lei Rouanet é um desconto no imposto de renda da empresa. Mas não conheço o caso direito.
    A Petrobras continua a ser uma empresa de capital misto que vai muito bem, aliás, melhor que nunca.

  30. Devem ser investigados, não por CPI (que não sabe nem começar uma investigação desse tipo), mas pela justiça. Sobretudo agora, no período anterior à regulamentação do pré-sal. Tá todo mundo de olho nesse ouro e querem deixar a empresa de fora. Imagina o lobby contra a Petrobras? além disso, a empresa tem respondido tudo com a maior clareza sabe.
    Fosse a Votorantim a investigada, não daria nem 10% das informações que a Petrobras disponibiliza.

  31. Eu também não acredito em CPI. A votorantim é uma empresa privada, diferente de uma de capital misto que tem que dar satisfação pro contribuinte. Aliás o Lula deu sinal verde pra transformar o petar e suas cavernas em cimento da votorantim. Agora, cá pra nós Tiago, como é que vc tá aguentando o Lula apoiando o Sarney e Collor? Vc não achou isso um pouco demais pro estômago não?

  32. Caro Gus, não tenho condição nenhuma de justificar nenhum dos tais contratos que são suspeitos – assim como a tal mala de dinheiro para Cuba era suspeita e os grampos no STF eram suspeitos e pararam na suspeita, É difícil de falar de uma coisa que é só suspeita. Podemos ficar cada um em um canto, falando cada um uma coisa, sem ninguém estar errado, enquanto a coisa for suspeita.
    Mas pulando das suspeitas para a realidade, é lógico que a Petrobrás deve contar com uma dose bem grande de corrupção. Também de politicagem. Você acha que o Grupo Gerdau ou a Andrade Gutierrez também não lidam com esses elementos. E, eles são privados, mas é o dinheiro público de licitações e do BNDES que os sustenta, esteja certo disso.
    Assim como qualquer instituição (pública ou privada) desse porte, os graus de transparência das grandes companhias são pra lá de entristecedores (e isso vale pro Brasil, EUA e Suíça). E a regra de patrocínios culturais da Lei Rouanet e da Lei do Audiovisual são um vale tudo, uma farra com o dinheiro público memso.
    É o único lugar do mundo em que o Estado subsidia propaganda grátis. A empresa que investe em cinema, por exemplo, recebe 120% de isenção, ou seja, ganha ainda um desconto de 20% sobre o que investiu no imposto de renda para colocar sua propaganda na tela.
    Quando o governo tentou criar mecanismos de regulação, todos os artistas moralizantes estavam lá pra protestar contra o “dirigismo cultural” (feito se o Estado não tivesse o dever de dirigir as verbas públicas). Mas dessa privatização do dinheiro público nós falamos depois.
    Por causa desses desvios na Petrobrás, vc acredita mesmo que o melhor é entregar essa empresa à iniciativa privada? Você vai me desculpar, mas é só observar o atual momento histórico da economia, para se ter uma mínima noção de que o Estado é que tem asumido companhias privadas enormes.
    Sem o Estado, as grandes companhias autimobilísticas já tinham passado dessa para a melhor. Os grandes bancos americanos tiveram que ser estatizados. E não sei se vc acompanha o que aconteceu na crise financeira mundial, mas um dos grandes problemas nessas empresas, foram os desvios de verba dos acionistas. Esses desvios não foram feitos por políticos não, mas pelos grandes executivos que gerem o dinheiro desses acionistas.
    Muita gente perdeu dinheiro por que entregou seu dinheiro para ser gerido pela iniciativa privada.
    E esse é só um dos motivos por que a Petrobrás não deve ser privatizada. Existem razões estratégicas, tecnológicas e até sociais para se condenar a privatização.
    Veja o que aconteceu com a Vale, privada, por exemplo, no primeiro balanço da crise colocou mais de 6 mil funcionários na rua. Tudo isso sem nenhuma justificativa aparente, só pelo medo da crise que na época nem havia chegado aqui.
    Eu sei que você se indigna com a roubança de dinheiro público pelos políticos, compartilho da mesma indignação. Mas acreditar que o setor privado resolve isso é muita inocência.
    O sujeito que mais enriqueceu com a privatização das teles, afinal de contas, é ninguém mais, ninguém menos que Daniel Dantas…
    Abraços

  33. Acho uma merda, mas política não é feita só disso. Sou muito pragmático e acho que me importo mais com o que dá para fazer com o país do que qualquer outra coisa. Agora, nós temos tudo para viver um período de prosperidade do capitalismo brasileiro, que atrela o crescimento a políticas públicas de trasnferência de renda tímidas mas importantes. Penso nas alternativas, não vejo nada sólido. Prefiro isso a saciar minha vontade de sangue.

  34. Por mim, a gente vendia a Petrobras, matava o sarney, o renan, o roriz e o collor pra dar exemplo, e ainda dava uma dedada no lula. Mas antes passava na manicure pra afiar a unha.

  35. Dica: especial dostoievsky, crime e castigo no discovery civilization

  36. Toda esta conversa me fez lembrar do Banespa! Como ex-funcionária vivi intensamente o período da derrocada e da transformação de um grande banco, com uma estrutura implantanda em todo o Estado de São Paulo e tb no país, ser desmontando e entregue a preço de banana para os espanhóis. Ah, dirão alguns mas o Banespa era usado politicamente e havia muita corrupção! Pois a estes argumentos bastava se contrapor com o controle da sociedade, com leis que limitasseo uso político do Banco. Sua privatização significou o quê? o fim da corrupção do estado, um novo banco a serviço do povo paulistano, uma melhor relação do banco com seus funcionários ou com os contribuintes paulistas? O dinheiro que fora subtraído de seus cofres devolvido enfim aos seus reais donos: paulistas e brasileiros? Os investimentos no setor agrícola, industrial e de infraestrutura cresceram? A todas estas perguntas, qualquer criança responderá com um NÃO! A questão a ser respondida é: A quem interessa particularmente a privatização da Petrobrás? O que nós, brasileiros comuns, ganharíamos com isto? Nada disto exclue o controle e a fiscalização sobre atos suspeitos, mas fazer deles o mote pra detonar a Petrobrás é não entender que o Capital financeiro e privado é o que mais se benefia da corrupção e isto no mundo todo!

  37. Toda esta conversa me fez lembrar do Banespa! Como ex-funcionária vivi intensamente o período da derrocada e da transformação de um grande banco, com uma estrutura implantanda em todo o Estado de São Paulo e tb no país, ser desmontando e entregue a preço de banana para os espanhóis. Ah, dirão alguns mas o Banespa era usado politicamente e havia muita corrupção! Pois a estes argumentos bastava se contrapor com o controle da sociedade, com leis que limitasseo uso político do Banco. Sua privatização significou o quê? o fim da corrupção do estado, um novo banco a serviço do povo paulistano, uma melhor relação do banco com seus funcionários ou com os contribuintes paulistas? O dinheiro que fora subtraído de seus cofres devolvido enfim aos seus reais donos: paulistas e brasileiros? Os investimentos no setor agrícola, industrial e de infraestrutura cresceram? A todas estas perguntas, qualquer criança responderá com um NÃO! A questão a ser respondida é: A quem interessa particularmente a privatização da Petrobrás? O que nós, brasileiros comuns, ganharíamos com isto? Nada disto exclui o controle e a fiscalização sobre atos suspeitos, mas fazer deles o mote pra detonar a Petrobrás é não entender que o Capital financeiro e privado é o que mais se benefia da corrupção e isto no mundo todo!

  38. Tô com a Lu tb e reafirmo: o processo de privatização no Brasil só serviu pra pendividar o Estado e enriquecer o empresariado amigo do governo FHC.

  39. Lu, eu assino embaixo – agora, o negócio é montar as trincheiras, porque vai valer tudo: cuspe, dedo no olho, unha afiada no fiofó (eh eh eh, brincadeira, Gustavo!). Grande parte da historiografia brasileira é unânime em apontar a questão do Petróleo no segundo governo Vargas como uma das coisas que mais o teriam desgastado e, por conseguinte, levado ao suicídio…
    Pruma outra hora: discordo daquele visão do Idelber sobre a MPB e a transição concertada para a democracia: a música que o Milton fez era apenas ruim, com aquela qualidade de hino, que faz a melodia grudar e, de alguma forma, parece falar para uma sociedade congregada, irmanada, coesa. Da forma como foi colocado, parece uma coisa assim: “ah, não, que música ruim! Que pianinho vagabundo! Vou parar de ouvir MPB, virou coisa de velho… vou fazer metal…”. Outra coisa é que eu gostaria de ver em algum lugar algum estudo ou análise sobre o que ouvia, pré-82, a juventude de clásse média baixa, se ela acompanhava a carreira do Milton e tal… E, pra lembrar um cara popular por volta dessa mesma época, e que, na minha opinião, é MPB e era rebelde, era o Eduardo Dusek… Aquele abraço!

  40. A privatização no governo tucano foi criminosa. mas não fosse ela não teríamos nem celulares hoje em dia, nem linha fixa e talvez nem internet. Lembro muito bem do perrengue que era ter que entrevistar alguem com ficha telefônica… era um atraso medonho, e alugava-se linha fixa por 10 mil dólares…Portanto não dá pra defender o estado assim… veja o exemplo da gráfica do senado.

  41. Olha Gustavo, só um lance: eu que sou usuário de telefone público só tenho a reclamar desde que a Telefônica passou a cuidar dos orelhões.

  42. Pois é Gus, e mesmo com os poréns da gestão da Petrobrás, sem ela nós também não teríamos crescimento da economia, mercado financeiro forte e nem a expectativa do Pré-Sal. Se ela fosse privada o controle a ela seria muito mais complicado.
    Vc se lembra da P-56 afundando? Então, essa era a mentalidade de quem queria privatizar a empresa.
    E em relação à telefonia, será que esse acesso fácil aos telefones só tem a ver com a privatização ou também ao desenvolvimento das tecnologias de comunicação?

    ABs,

    Lauro

  43. Lauro, acho que tem a ver com as duas coisas. Uma coisa é a telefonia, sobretudo a telesp e a telerj que eram bem piores que a telemig, por exemplo. Mas me parece que era importante se fazer a privatização, embora a política de truste nas telecomunicações está com tudo. Agora, a privatização da Vale foi só transferência de patrimônio mesmo.

  44. O que eu acho é simples. Não dá pra só demonizar o capitalismo e dar moral pro estado. Ainda mais o incompetentíssimo, corrupto e atrasado estado brasileiro. Todo contribuinte tá no sufoco, com 40% do PIB em impostos, com uma folha de funcionários aumentada em 100 bi nos últimos 6 anos de governo Lula, inchaço e falta de comprometimento com qualidade no atendimento à população. E não é so o executivo, o judiciário e o congresso não trabalham o que custam… Qual a justificativa para eles estarem em recesso agora às nossas custas? É a vagabundagem com nosso dinheiro institucionalizada. Eu trabalhei na USP, sei bem o que é um paletó apoiado numa cadeira, enquanto o funcionário finge que trampa. E o pior é quem se fode é quem ganha menos, pois paga mais imposto se comparado à elite. O Lula foi e é cagão ao não propor a reforma do estado e a reforma fiscal. Um cara com 80% de aprovação tá com medo do que?

  45. A questão da telefonia no Brasil é muito parecida com o que ocorreu com a antiga Light: nossos “amigos” ingleses conseguiram um acordo de pai para filho e nos venderam o que com o vencimento do contrato já seria mesmo nosso.
    Quando investir em telefonia passou a ser um negócio extremamente vantajoso para o grande capital, eles se digladiaram para dividir as melhores fatias do mercado.
    Agora, quando se trata de elevar a qualidade, ampliar e democratizar os serviços de telefonia, ou mesmo garantir os níveis de emprego do setor, todos pulam fora. Não sou em princípio contrária à privatização do setor, só acho que ficamos pendurados na brocha, com um dos piores serviços prestados e os preços mais elevados do mundo.

  46. A telefônica é a empresa mais odiada do Brasil. O speedy saiu do ar graças a um ataque coordenado de hackers, emputecidos com a empresa; ouvi falar…

  47. Não, Gus o speedy saiu do ar por manutenção mal feita. Eles agora não podem instalar o aparelho em lugar nenhum.
    Aliás, o descontrole dos preços e a política de truste é resultado direto do modelo de privatização. Se você acha que o estado é corrupto, dá uma olhadinha na iniciativa privada. Só existe caixa de campanha porque existe caixa 2 de empresa.

  48. Não Tiago, existe o caixa dois porque não fizeram a reforma política…

  49. Existe o caixa 2 porque as empresas sonegam pra caralho e a reforma política não é a solução para todos os males. Não é panacea. Aliás, a fidelidade partid[ária passou, a reforma eleitoral deve passar sem emendas.

  50. é o ovo e a galinha então… porque a reforma fiscal nao sai por causa da reforma politica,…e falando em galinha, polititica…

  51. Gustavo, não entendo essa relação necessária. Aliás, viram o balanço de pagamentos? fechou com um superávit considerável

  52. Oi Daniel, eu não sei até que ponto a interpretação do Idelber está errada, mas o fato é que a MPB envelheceu na década de 80 . O gosto pela MPB era um gosto de um público de classe média envelhecido. O rock era predominante e eu acho que era predominante em todas as classes sociais. Aqui eu não falo de qualidade musical, mas as bandas de rock estavam nos programas de TV, nos programas universitários e em tudo mais.
    O sertanejo e a música da Bahia vieram depois, mas com um padrão novo de música, diferente também do público do Brega, nos anos 60 e 70. Atendiam algumas demandas parecidas, mas cresciam dentro de uma nova dinâmica do mercado musical.
    Em 1986 também, muitos consideram que foi o ano do samba no Brasil. Foi o ano do sucesso explosivo do primeiro disco do Zeca Pagodinho, do primeiro do Almir Guineto, do Fundo de Quintal, da Beth Carvalho e por aí vai…
    Além disso, os anos 80 foram marcados pelo sucesso da música infantil em um sentido nunca antes visto e da continuidade dos sucessos da novela. A Globo era quem comandava o que acontecia no mercado fonográfico brasileiro ainda, mas dentro de uma dinâmica um pouco diferente.
    Acho que o metal tem a ver com um tipo de juventude que não existia mesmo antes desse pré-democratização. E acho que é por isso, por exemplo que eles e os punks ocupavam predominantementes as áreas urbanizadas do país. Não sei se é superestimação do meu exemplo de vida, mas todo menino de saco cheio com as coisas do mundo na minha cidade gostava de punk ou de metal, e não importava a classe social.
    De qualquer forma, eu acho que essa experiência dizia mais que o trabalho do Eduardo Dusek e seus protestos contra os festivais.
    É tudo uma impressão minha, mas acho que tem algum sentido de ser sim…

  53. Bom, vários assuntos. Vi que na foto inicial está a dona da Daslu. Vocês já se debruçaram sobre a incrível obra do arquiteto e amigo de infância do Maluf e dono do masp, Julio Neves? Aquela maquete me lembra Speer, que projetou o 3º Reich. abs a todos.

  54. Lauro, boa essa visão da década de 80 – me fez pensar em novos marcos, referências que eu não tinha no meu jeito de ver esse desenvolvimento da música brasileira na década de 80. Concordo contigo quanto ao envelhecimento da MPB e, sabes bem, com o lance do que seria uma música rebelde pra juventude. Só não vejo ligação entre uma e outra: creio que as dinâmicas – história, estética, mercado, sociedade – de cada gênero é que definiram sua imagem, sua comunicação, sua penetração e seu consumo simbólico. Acho que tanto o metal quanto o punk eram coisas daquele momento, tinham que acontecer naquele ambiente… Isso se deve a uma maior abertura política e comportamental? Me parece que sim… Além disso, pro adolescente-menino, é fundamental a marca de distinção: difícil parecer distinto – na visão de um adolescente qualquer, que costuma ser um cara retraído e cioso do reforço da própria masculinidade – se vestindo como Chico Buarque (que se vestia como um trabalhador de classe média) ou Caetano Veloso (que deveria parecer uma bicha pras pessoas, assim como o Dusek…). Fica mais fácil usando tachinhas e preto…
    E o que disse do Dusek não se referia apenas ao lance dos festivais – pensei mais na postura dele mesmo, nos discos, nas letras, nas fotos, nas parcerias… Mas ele era uma coisa de classe média, ali na meiúca, nem baixa nem alta…
    Agora, seria interessante alguma leitora do Blog relatar pra gente como via isso de que falamos, numa ótica feminina: a coisa das cantoras da MPB e novas imagens de rebeldia feminina… porque o Metal era/é uma coisa machista e sexista, né? Mas muita menina ia aos shows… Alguma leitora que curtiu punk? Uma coisa menos comportada e mais criativa e mais expansiva que as mocinhas das bandas de rock dos anos 80 (Blitz, Metrô, etc)?

  55. Nada no Brasil presta, a começar pela “democracia” que implantamos. Não se pode esperar nada com um regime desses:

    1) candidato ficha-suja;
    2) suplente biônico;
    3) aluguel de legendas;
    4) troca-troca de partido;
    5) doações ocultas;
    6) compra de voto;
    7) personalismo eleitoral;
    8) voto de cabresto;
    9) puxador de voto;
    10) voto obrigatório.

  56. Valeu pelo comentário Geraldo, mas seria legal se depois vc lesse o post antes de colocar o comentário-panfleto que deve colocar em todos os blogs, né nâo? 😉

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